Cadê meu sapatinho de cristal?

Nunca planejei casar, ter filhos, ser dona de casa. Durante a infância, sempre tive antipatia por bonecas e todas aquelas brincadeiras que matem garotas presas a esse primitivo mundo de Amélia. Amor? Posso encontra-lo em uma música, num livro e até mesmo em filmes. É possível sentir o amor na arte. Ver um quadro de Monet me emociona até hoje.
Não sei como aconteceu, não sei como me rendi a esse mundo de ilusões chamado amor carnal. Talvez tenha sido culpa de Clarice ou Miakovski, de repente, senti a necessidade de me encontrar em alguém e ser toda coração.
Quando dei por mim, já estava naqueles contos de fadas e filmes teens, em que a garota indefesa está sendo salva pelo príncipe encantado. Mas há coisas que contos e filmes escondem, como por exemplo o fato de quando você pensando no tal príncipe, ele está pensando na próxima.
E quando a Cinderela vira bruxa? Sim, você pode se tornar sua própria inimiga. Até onde você está disposta a ir por causa do seu 'amor'? Que de alguma forma inibiu seu amor próprio.
Descobri coisas que nem imaginava que existiam, não me arrependo de nada e acredito que, por pior que tenha sido a situação, você leva aprendizado de cada momento de sua vida. Com um relacionamento você pode conhecer novos sentido em si mesma, sua percepção com o mundo muda totalmente. Mas também pode tornar-se alguém frio, tipo um iceberg, como me sinto agora.
Não sei se quero envolver alguém nesse meu labirinto chamado coração...
De alguma forma não me sinto sozinha, após essa experiência, carrego em mim memórias impossiveis de esquecer e um sentimento que preenche todo o meu corpo. Como diria Maiakóvski - "Comigo a anatomia ficou louca. Sou todo coração"